quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Não será esquecido. Nunca.


Francisco Manuel Lumbrales de Sá Carneiro

(19/07/1934-04/12/1980)

O segundo político que mais admirei foi, sem sombra de dúvida, Francisco de Sá Carneiro. A minha escassa intervenção política foi feita, maioritariamente, sob a sua égide, exemplo e liderança. Quando morreu, a participação política para mim perdeu todo o significado, limitando-me a votar e a estar de olhos abertos.
Foi um homem combativo, defensor acérrimo das suas convicções e ideais, democrata e adversário de certos interesses instalados na política portuguesa de então. Por isso foi silenciado, porque só assim o paravam. Com o seu desaparecimento, muitas coisas ficaram como estavam. Muita negociata prosseguiu e muitos políticos de segunda e terceira categoria poderam ocupar lugares de destaque, que com ele vivo nem sonhariam ter.
Recordo-me, como se um filme fosse, do choque que representou a notícia, lida pelo Raúl Durão, do acidente e do que foram os dias seguintes à sua morte. Do júbilo nalgumas caras na rua e do horror noutras. Aos primeiros, só apetecia esmurrar. Mas Sá Carneiro iria achar essa uma atitude desrespeitosa, porque ele não era assim. Opunha-se, mas com lealdade e frontalidade.
Tenho um amigo que fez um livro sobre o acidente, mas que, curiosamente, não consegue publicar. É que ainda há muita mediocridade em lugar de destaque e com poder...
Quero ainda recordar um dos mais brilhantes parlamentares que este país alguma vez teve: Adelino Amaro da Costa. Alegadamente, o acidente era-lhe destinado por ter em seu poder, alegadamente, um dossier explosivo...
Para que ninguém esqueça, aqui ficam os restantes companheiros de infortúnio, falecidos nesse fatídico dia, em acidente de aviação:
Snú Abecassis
Maria Manuel Amaro da Costa
António Patrício Gouveia
Jorge Albuquerque
Alfredo de Sousa
Sabendo-se quem "arranjou" o acidente, quem foram os mandantes e porquê, espera-se que algum dia, um qualquer decreto ou lei emanada da Assembleia da República, possa fazer justiça. Basta isso, porque os alegados culpados vão ficar impunes. Afinal de contas, foi um acidente...

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